quinta-feira, 24 de julho de 2014

A noite

A noite 

Florescem as horas desmedidas e ensopadas, prostrado e esquecido na folga das mágoas, as demoras bem-vindas na curva das estradas, o fado e o mendigo que mora comigo

O resto de coisa absolutamente nenhuma, tremores falaciosos e uma terra infértil, um gargalhar parcimonioso na bruma, acariciares deliciosos num acto que não se consuma 

Tentáculos de um conluio desapropriado, órfãos de um fundamento que se perpetue,
espectáculos de um conceito desafogado, a ousadia de quem se insinue

Ovações sem jeito ou qualquer conveniência, ruídos domésticos e movimentos eróticos, interacções vagas em toda a fulgência, enganos sintéticos de comportamentos exóticos

Enrolemos os intuitos paralelos de um fantasma, no mastigar dos pensamentos claramente desajustados, perniciosos são os trilhos daquele que ama no recriminar de infundamentos sobejamente apropriados

Ruminar de forma mecanizada e maquilhar o alheamento, contemplar o avanço da história sem pudor, excruciar na odisseia detalhada do que são o esgar e o desalento

Americanizando o serão com anestésicos incompetentes, rumores estomacais sonorizam o desconforto patente no demais, desumanizando o comum e o confortável vazio da mente, fulgores dos que se valorizam no reluzente dos abdominais

Desperdício e excesso no contorno do absurdo, caminhares desnorteados no esplendor do abjecto, um comício no qual confesso o transtorno de seres surdo no que toca a aceitares o desalinhado condor do incerto

Oposições e incongruências, a indiferença penosa que não evitamos acarinhar, bandas sonoras envolventes purgadas com textos sem destino previsto, desilusões e urgências, a sentença assombrosa a que nos condenamos por não evitar as serpentes destinadas a provar os medos que visto

Fumo e atraso a pressa do acaso, ignoro o desejo e inspiro o desencanto, rumo ao que faço sem norma no traço, devoro o que prevejo e reviro no pranto

A noite envolve-me no seu manto...

By Darko

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