domingo, 2 de novembro de 2014

Lugares encantados

Esbardalhei-me na treva de mim próprio

Implorando que quisesses descansar à sombra da minha bananeira
Engasguei-me em tisanas e sangrias manhosas simultaneamente 
Na esperança de sossegar o transgressor pacífico que em mim reside 

Refugio-me nas palavras, auto-comiserando-me relativamente ao facto de a velocidade dos meus dedos jamais se equiparar à dos pensamentos
Em mim explode a necessidade de te dizer coisas e me dizer coisas
Vivo de dentro para fora e sei que nessa matéria há uma intolerância grande da minha parte
Encanta-me poder entregar-me aos ossos das emoções e de lá regressar com excesso de peso sensorial 

Claro que seria agradável exterminar o juiz que se alojou na minha consciência 
A minha sanidade sempre sucedeu aos meus desiquilibrios e o único terapeuta fidedigno da minha vida é o meu coração 
Os meus poros exalam derivados da escuridão escravizados a ser emissários de luz
Condenados por uma racionalidade nobre que sabe proteger um coração infantil no que toca a escolhas

Todo eu sou cada fantasma que em mim habita, amplificado pela doutrina do fado
Dividido entre a banalidade e o sublime 
Demasiado pressionado pela exigência que me impôs aquele que pretendo ser
Jamais embevecido pela possibilidade de me deixar ir
Preso na minha condição humana que destrói a minha animalidade com a ternura de saber que ambas provém de lugares encantados. 

By Darko

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